segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Assédio impulsiona negócios exclusivos para público feminino

Carla Müller, sócia do Centro de Treinamento Mulheres no Volante, em São Paulo-SP
O crescente número de denúncias de assédio tem estimulado negócios para atender apenas o público feminino. Para as clientes de serviços como aplicativo de transporte e autoescola ter uma mulher no comando passa mais segurança e conforto.
A ideia da administradora Gabriela Corrêa, 35, surgiu depois de ser assediada em um táxi. Ela preferiu não denunciar o motorista, mas teve a ideia de abrir junto com a irmã o aplicativo Lady Driver, serviço de transporte exclusivo para mulheres.
Com R$ 500 mil próprios, a administradora procurou aceleradoras, mas a ajuda veio de investidores-anjo, que aportaram R$ 1 milhão. Corrêa treina as motoristas e dá dicas para melhorar o faturamento. "Algumas estão conseguindo uma renda de até R$ 1.500 por semana", diz. A sócia acredita que seu diferencial é deixar clientes mais seguras e à vontade durante a viagem. A empresa não revela o faturamento.
Para Ana Fontes, presidente da Rede Mulher Empreendedora, o desafio é avaliar se de fato há interesse do público no serviço. "O projeto deve resolver um problema claro, por isso é vital testar o modelo antes de abrir as portas", diz.
Também é preciso acompanhar novas tendências. "Isso evita que você seja vítima de uma moda, como já vimos em outros tipos de negócio, que acabam com superoferta", afirma a consultora do Sebrae Ariadne Mecate.

VOLANTE
Para a empresária Carla Müller, 38, de São Paulo, os tempos de instrutora na autoescola do pai mostraram que muitas mulheres tiravam a carteira de motorista, mas preferiam não dirigir.
Müller viu aí uma oportunidade e há três anos abriu o Centro de Treinamento Mulheres no Volante, no bairro da Saúde (zona sul), em São Paulo. A segunda unidade foi inaugurada em julho do ano passado em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo).
O curso é apenas para quem já tem habilitação, mas precisa de aulas para "desenferrujar". Uma psicóloga atende quem tem medo de dirigir. "Muitas são viúvas ou recém-separadas e dependiam por muito tempo dos parceiros como seus motoristas", afirma Muller. Há também casos de mulheres cujos companheiros dizem ter ciúme e preferem aulas com instrutoras.
Müller recorreu a um empréstimo e uma carta de crédito de um consórcio para comprar os carros. Foram investidos R$ 200 mil na escola de São Paulo e R$ 110 mil na de São Bernardo. Foi difícil encontrar instrutoras. Para isso, recorreu a cursos de formação na hora de contratar.
Hoje a unidade da Saúde tem uma média de cem clientes por mês e fatura em torno de R$ 55 mil. Já a escola do ABC tem entre 40 e 50 matrículas mensais e um faturamento que oscila entre R$ 45 mil e R$ 48 mil, em parte puxado pelos adicionais para quem faz aulas na estrada.
Como só oferece curso para quem tem CNH, a empresária costuma fazer divulgação nas autoescolas de conhecidos e da família, que atua no setor. "Os serviços se complementam", afirma Müller, que faz planos para ampliar a marca a partir de 2019.

A CARA DELAS - Perfil das empresárias brasileiras
75% das empreendedoras brasileiras abriram a empresa após a maternidade;
55% delas buscavam mais qualidade de vida, mas 39% trabalham nove horas ou mais;
39 anos é a média de idade das empreendedoras;
73% fizeram empréstimos para investir no negócio;
35% delas são microempreendedoras individuais.

Fonte: Folha de São Paulo. Link: http://folha.com/no1931006

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