segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Educação e agência nacional são primordiais para segurança no trânsito

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Especialistas debatem tema na 2ª edição do fórum Segurança no Trânsito, realizado pela Folha

A boa convivência entre motoristas, ciclistas e pedestres nas vias e estradas e a prevenção de acidentes exigem instrução educacional ainda nas escolas. Além disso, uma agência nacional de trânsito deveria ser viabilizada para criar novas políticas para todo o território.

Foram essas as principais conclusões da mesa “Planejamento urbano e segurança no trânsito”, parte da 2ª edição do fórum Segurança no Trânsito, realizado pela Folha.

Os motivos mais comuns às infrações de trânsito são alta velocidade, que em média ultrapassa em 20% o limite das placas de trânsito, e desobediência ao sinal vermelho e à parada obrigatória, segundo Danielle Sanches, pesquisadora da FGV-DAPP (Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas).

“Precisa de maior fiscalização e conscientização da população”, afirmou Danielle, ao acrescentar que grande parte dos acidentes de trânsito está também atrelada a registros de lesão corporal dolosa. “O sujeito bate, sai do carro e agride outra pessoa. É uma questão que só conscientização e cidadania poderiam resolver.”

João Octaviano Machado Neto, secretário municipal de Mobilidade e Transportes de São Paulo, defendeu programas nas escolas que eduquem sobre o trânsito.

“Cada um é responsável por sua atitude e por evitar acidentes. Essa meninada que vai para a balada e toma Corotinho e Catuaba tem que ter atitude responsável. Assim como o amigo do lado tem que ter atitude de dizer: ‘Você não vai pegar o carro porque ou vai morrer, ou vai matar’”, disse Machado Neto.

No que tange o aprimoramento da fiscalização e de políticas públicas para segurança viária no país, uma das soluções propostas pela mesa foi a criação de uma agência nacional de segurança de trânsito.

“Nós entendemos que é muito pouco ter apenas o Denatran [Departamento Nacional de Trânsito] dentro de um ministério”, afirmou Coca Ferraz, professor do departamento de engenharia de transportes da USP e secretário de Transporte e Trânsito de São Carlos.

Nesse sentido, Danielle destacou que o impacto dos mortos e acidentados no trânsito brasileiro é de R$ 19 bilhões por ano. “É quase o PIB do estado do Mato Grosso. É muito dinheiro para o Sistema Único de Saúde. E a gente sabe que lesões e sequelas são tão danosas quanto mortes, já que afetam uma população economicamente ativa.”

Ferraz destacou que planejamento de trânsito exige também cuidado com sinalização. “Se você vai numa cidade em que a sinalização está desgastada, mal conservada, isso induz o usuário a não dar tanta importância. Cuidar da sinalização reduz acidente.”

Machado Neto não apostou tanto assim nos acessórios de trânsito. “Tem um motociclista no Youtube que mostra como é que faz para andar a 120 km por hora na Marginal sem ser pego. Que elemento de fiscalização supera a imbecilidade de um sujeito desse?”

Ao falar dos ciclistas, o secretário defendeu que, apesar da introdução das ciclofaixas e ciclovias na capital paulista, não houve estruturação do sistema viário para recepcionar a bicicleta.

“São 17 mil quilômetros de vias que estão há 40 anos sendo usadas da mesma forma, e elas não foram projetadas com as mudanças que foram feitas.”

Para Machado Neto, a introdução dos ciclistas na rotina de trânsito das cidades exige maturidade social e compartilhamento da via. “Infelizmente, o que houve foi toda uma discussão e antipatia com a bicicleta.”

VELOCIDADE NAS MARGINAIS

Durante o debate, o professor da USP se declarou contrário ao aumento de velocidade das marginais Pinheiros e Tietê em São Paulo. “O benefício trazido pelo aumento de velocidade é muito pequeno. E os acidentes aumentaram.”

Machado Neto, defensor da proposta implementada na gestão do prefeito João Doria, justificou o aumento pela característica rodoviária das duas vias urbanas.

“Tivemos mortes a mais, mas uma foi porque um motoqueiro chutou o espelhinho do caminhoneiro; a outra, foi uma moça embriagada que atropelou e matou três pessoas; e teve uma na altura da Ceagesp envolvendo uma usuária de crack”, disse.

Levantamento feito pela Folha em dezembro do ano passado identificou o final de uma tendência de queda verificada em anos anteriores. Em 2014, a CET havia registrado 68 mortes nas marginais. No ano seguinte, quando os limites de velocidade foram reduzidos a partir de julho, o número caiu para 46. Em 2016, foram 26, e, ao final de 2017, subiu para 32 mortes.

Fonte: Folha de São Paulo

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